domingo, maio 29, 2005

Renúncia

Renuncio.
Perante à chaga que, com tuas mãos, desenhaste em meu peito. É assim: Norte, Sul, Leste, Oeste; guiado pela constelação; mas a noite hoje é nublada, e nada se vê ao céu, a não ser a negra cor do infinito. É assim que tu te [es]vais: apagando as cores e as dimensões com teus passos ligeiros.

Renuncio.
Tudo aquilo que me fizeste passar. E a enargia com a qual te criei, sendo ela matéria; sendo tu ilusão. E assisto tua despedida tão silencioso, como quem chora sem demonstrações, mas que precisa se redimir de tanto afeto.

Renuncio.
Teu rosto que um dia me foi companhia para os dias frios, e digo que agora não me fazes falta, por mais que venha a estar compondo. Minha leve mão que acena por sobre o vento e espera gratidão...renuncio a ti e a todos, solidão.

sábado, maio 28, 2005

Viver, um ato dominante intermitente...

O que podemos fazer pelos outros, meu Deus? Se nestas horas, clamamos por poderes além é porque os humanos realmente não trazem soluções. Hoje vi, na estação Uruguaiana, bem na escadaria de entrada para o metrô, uma menina vendendo chicletes, dacriagoga, implorando que alguém comprasse, nem que fosse apenas uma cartela. Seu pranto copioso e convulso me fez um pranto crasso e sincero. Como gostaria de poder ter resolver os problemas do mundo! Dizem que viver é uma dádiva.

Não há os que pensam a vida como uma grande tela real de acontecimentos. Presenciamos tudo: extinsões de animais, superaquecimentos, escravização humana, exploração humana, destruição do meio, séculos de destruição social...nós somos os maiores culpados! Agora vejo no jornal, que pretendem eliminar os moradores de rua. Lembro certa vez, de ter lido o Chico Buarque falando sabiamente sobre isso e de como as pessoas querem eliminar o problema. Para onde levarão estes homens da rua? Estes errantes seres vítimas da globalização da grana. "Quanto vale ou é por quilo?". As pessoas não conseguem enxergar porque já estão imersas, vivendo num submundo terrível, que elas chamam de Terra, que elas consideram delas. Não. É nossa! O "impulso anseia dominar"...e alguns dizem que viver é uma dádiva...

quinta-feira, maio 26, 2005

Ausência, num post perdidamente intermitente...

Sobre a morte não há muito o que se possa dizer, a não ser o fato de que ela acontece com todos. Talvez algum dia, pessoas não morrerão, mas elas serão tristes, creio eu. A pior coisa que acontece aos seres é o acaso. A morte nada mais é do que curiosidade contida. Minha mãe já não consegue voltar sozinha do curso para casa e pede para que nós a acompanhemos, obviamente ela não teme à morte: ela teme o acaso que se encontra na nossa "livre escolha". O acaso tem um poder místico e soberano, inclusive porque não podemos controlá-lo: A essência do ser é poder; e poder é controle!

Hoje estava só, por exemplo...aí desci pra ficar com um bando de moleques de quinze, dezesseis anos lá na rua. Aquilo me dá um certo prazer, confesso. A solidão me destrói. Eles talvez nunca pensarão no que penso, mas me conforta saber que ainda sou lúcido pra entender tudo errado. Estou solitário. E quando observo estes meninos da rua, me sinto ainda mais carente: não quero passar a vida subjetivando minha idade e meus prazeres; queria ser fiel, inclusive a mim mesmo...parece estranho meu desejo final ser alcançar tudo aquilo que sou, enquanto muitos querem simplesmente se livrar do peso de si mesmo...O que me conforta é crer que, talvez alcançando tudo aquilo que sou eu possa finalmente, me livrar do peso de mim mesmo...

segunda-feira, maio 23, 2005

A Palavra Intermitente

Porque ela existe, mas não falemos sobre ela. Porque o tempo passa, e ela fica. Na realidade, não sei se o tempo a constrói. É que hoje, eu passo horas a fio analisando perfis de o.r.k.u.t e encontro, de quando em vez, algum antigo amigo. Uns magros que hoje em dia são fortes e bombados. Uns bonitos que hoje estão feios e vice-versa.

Porque ela tem nome e não sei explicá-la: porque ele nada me diz, além do que ela própria já é. Porque há muitos e lineares conformes que me fazem crer que ela não se explica; e qualquer tomo que tente fazê-lo pode ser considerado de pouca relevância ou até mesmo falacioso.

Porque as datas são apenas nove dígitos que se permutam...mas o tempo, o espaçamento entre essas permutações, é tão concreto, que o sentimos em quaisquer variações; e muitos tentam reparar os danos desses pequenos deslizes: porque entristece não ser o que se foi...

Porque existe um intervalo de tempo de vida entre os humanos e, em uma freqüência constante, somos apagados todos de uma vez, sendo substituídos por uma nova geração de seres vivos. E quem disse que a partir daí ela passa a não existir?

Porque ela existirá, mas não falemos sobre ela. Porque o tempo passa, e ela fica.

quarta-feira, maio 11, 2005

Um encontro ao acaso, num dia sem fins

Como é de costume, fui comprar CD's virgens na Uruguaia [e pechinchei brilhantemente, R$ 1,00!!!]. Na realidade, minha intenção inicial era ir para lá e depois atacar os sebos à procura de um livro de Matemática bom e barato [nos padrões das condições de norma felicitada]. Daí que encontrei, no Paço Imperial uma pessoa incrível [meus fiéis leitores invisíveis, podem arregalar os olhos]. Conhecemo-nos assim. Do nada. Convenhamos agora, que consigo compreender mais ou menos este significado: o vazio, o nada, têm seu caráter oco, porém, as coisas se criam a partir dele. Condensemos premissas básicas antes de começar uma linha de raciocínio [talvez voltada para a submersão silogística]. O Universo formado do nada não é tão absurdo assim se olharmos para a nossa situação particular de ontem. Quando duas pessoas, que a princípio não se conheciam, ou seja entre elas havia o nada, passaram a rabiscar as fronteiras entre si. Que mal lhes diga, parece mais um contexto explorador. Parece então que o vazio é esticável e adaptável. Posso até arriscar, com muito medo, creio eu, que o vazio tende a se preencher...
Olhando o vazio como um instrumento de expansão, ele passa simplesmente a existir como o começo das coisas; mas então, por quê chamá-lo de vazio?

quinta-feira, maio 05, 2005

Oco

Oi, desculpe-me se entro sem bater, mas foi somente para conferir se ainda existia algo nesta sala; vou deixá-lo voltar ao que fazia. Até mais.